Com histórias de mulheres inspiradoras, DPE-AP inicia programação do Dia Internacional da Luta das Mulheres em Macapá

A roda de conversa faz parte do projeto da DPE-AP “Mulheres no Controle: emancipação para um novo futuro”.

Por Jeanne Maciel
08 Mar de 2024, 2 meses atrás
Com histórias de mulheres inspiradoras, DPE-AP inicia programação do Dia Internacional da Luta das Mulheres em Macapá

 

Experiências de vida, trajetórias de luta e superação foram algumas das histórias levantadas na roda de conversa “Mulheres Inspiradoras do Amapá”, que abriu a programação do Dia Internacional da Luta da Mulher em Macapá. O evento ocorreu no auditório da sede administrativa da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) e contou com a participação de 50 mulheres. 


A roda de conversa faz parte do projeto da DPE-AP “Mulheres no Controle: emancipação para um novo futuro”, que busca a capacitação de mulheres que estão em situação de vulnerabilidade. Na última terça-feira, 5, a programação iniciou em Porto Grande e, na quinta-feira, 7, foi a vez de Macapá. 


Para compor o momento, foram convidadas a sindicalista e conselheira estadual da mulher, Osena Maria Sales; a advogada, psicanalista clínica e especialista em identidade e posicionamento feminino, Hosana Lima e a presidente da Associação Mulheres do Araguari, Arlete Pantoja. 


A coordenadora do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher de Macapá, Marcela Fardim, abriu o evento falando sobre violências que passam despercebidas e aproveitou o momento para lançar a cartilha informativa sobre violência de gênero, produzida pela Defensoria Pública. 


Ela explicou, ainda, que o ciclo de violência não é fácil de ser quebrado. 


“Quando uma mulher pede para tirar uma medida protetiva, fazemos questão de dizer que, se ela precisar, pode pedir de novo, porque elas acreditam que não podem voltar a procurar”, relembrou.  


“Isso faz parte de um ciclo e para quebrar, demora. Às vezes, é pela incapacidade financeira, por isso que pensamos nos cursos de emancipação, e às vezes por uma questão emocional. São situações muito complexas para julgarmos”, disse a defensora pública. 


Maria Dorama, 67, foi uma das mulheres que assistiram ao debate. Para ela, a qualificação das mulheres é algo que deve ser prioritário. 


“Elas falaram da trajetória de vida, de família, de trabalho e profissão. Hoje estou terminando meu curso de psicologia e me vi ali em muitas questões. Tenho certeza que, aqui na platéia, todas temos trajetórias de vida que dariam até um livro”, pontuou Maria. 

 

Mulheres inspiradoras


Osena aproveitou o momento para falar da insegurança que mulheres que denunciam sua violência doméstica vivem. 


“Muitas vítimas de feminicídio denunciaram seus agressores, então esse é um problema que nós temos. No momento que eu chego numa delegacia para fazer a denúncia e pedir medida protetiva, no meu entendimento ela não tem que voltar para a casa dela”, expressou Osena. 


A ribeirinha Arlete Pantoja faz parte das mulheres extrativistas da região do Alto Rio Araguari e hoje preside a associação que conta com mais de 80 mulheres. Com a marca Sementes do Araguari, elas sustentam a comunidade com a venda de biocosméticos. Ela foi assistida da Defensoria Pública em 2018, que incentivou a criação da organização.


“Nós, mulheres, não conseguimos nada fácil, e muitas vezes dizemos que não somos capazes de fazer o que a gente pensa e o que a gente quer. Mas quando a gente quer de verdade, a gente chega lá, eu sou prova viva disso”, afirmou Arlete. 


Hosana Lima trouxe para roda uma reflexão sobre o autocuidado que as mulheres, muitas vezes, deixam de ter consigo mesmas. 


“Nós mulheres já nascemos com esse instinto cuidador, contudo, nós esquecemos de nós. Priorizamos filhos, marido, namorado, família, pais, sempre trazendo mais pessoas para cuidar. Quando vemos, nosso corpo já está sintomatizando através de dores e doenças”, pontuou Hosana.