Criança autista inicia tratamento especializado após atuação jurídica da Defensoria Pública

Após três anos aguardando consulta de atendimento multidisciplinar para Théo, família procurou a Defensoria.

Por Caroline Mesquita
17 Abr de 2024, 2 semanas atrás
Criança autista inicia tratamento especializado após atuação jurídica da Defensoria Pública

 

Após quase três anos aguardando o agendamento da consulta especializada de Théo Victor Costa Ferreira, de 10 anos, a família buscou a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) para garantir o seu direito de assistência à saúde. A decisão judicial obrigando o estado e o município a oferecerem o acompanhamento especializado com neuropediatra, oftalmologista, psicólogo, fonoaudiólogo e nutricionista saiu em fevereiro deste ano.

Entenda o caso - Quando a família de Théo percebeu que ele tinha diferenças de desenvolvimento comparado as outras crianças da mesma idade, logo procurou o hospital público e os atendimentos iniciais que, posteriormente, o diagnosticaram com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) - condição neurológica que compromete a interação social, a fala e o comportamento do indivíduo em diversos níveis.

Nesta época, quando o laudo do TEA foi emitido, Théo tinha 7 anos e foi direcionado para o Centro de Reabilitação do Amapá para receber atendimento multidisciplinar. Entretanto, Telma e sua irmã Elma, que dividem os cuidados com a criança, passaram quase três anos tentando, sem sucesso, marcar as consultas. “Já estávamos desanimadas e precisando ajudá-lo, então em julho de 2023 acionamos a Defensoria para que ele conseguisse o tratamento”, contou Elma Costa.

A demanda foi judicializada e a decisão saiu em fevereiro. Há pouco mais de um mês, Théo iniciou seu tratamento no centro especializado e agora, com quase 11 anos, ele está com acompanhamento psicológico e nutricional que necessita.

Elma considera que a demora para iniciar o atendimento multidisciplinar impediu que o seu sobrinho tivesse o desenvolvimento que deveria ter, mas desistir nunca foi uma opção. “Ele foi encaminhado com 7 anos e com quase 11 anos que conseguiu. Mães e pais não desistam, continuem persistindo, pois nossos filhos precisam de nós”, aconselhou a tia e madrinha de Théo Victor.

Pedido Judicial - O Núcleo de Atendimento Especializado à Criança e ao Adolescente da DPE-AP recebeu, de 2023 até abril deste ano, cerca de 27 crianças com demandas atrasadas para consultas de neuropediatria e equipe multiprofissional para autismo. Os pais ou tutores legais esperam meses e até anos pela assistência à saúde, e buscam a Defensoria para ingressar com o pedido judicial e garantir o direito de seus filhos.

Para iniciar uma ação judicial para assegurar os atendimentos pela rede pública, é necessário apresentar a documentação médica de encaminhamento para o neuropediatra e para o atendimento multidisciplinar da criança, receituários, negativa do atendimento no hospital, entre outros.