De vítima a réu: Defensoria consegue absolvição de homem que foi acusado por homicídio no mesmo dia em que teve sua casa furtada

Edimar Martins respondeu o processo pelo crime que não cometeu por sete anos e com atuação da DPE-AP foi absolvido.

Por Caroline Mesquita
10 Mai de 2024, 2 meses atrás
De vítima a réu: Defensoria consegue absolvição de homem que foi acusado por homicídio no mesmo dia em que teve sua casa furtada

 

Imagina ser vítima de um furto e, depois disso, ainda ser acusado pelo homicídio de um homem que tinha acabado de furtar uma TV. Isso aconteceu com o caseiro Edimar Martins, que além de ter sua residência furtada, ainda teve que enfrentar, por sete anos, um processo de homicídio por um crime que não cometeu.

Na última terça-feira, 7, o sofrimento de Edimar chegou ao fim com sua absolvição na 1ª Vara Criminal de Santana. A Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) mostrou que não havia nenhuma prova que o colocasse na cena do crime, assim, convencendo o Tribunal do Júri a inocentá-lo da acusação de homicídio.

Entenda o caso - Em 2017, a casa da família de Martins foi arrombada e furtada no início da noite. Diversos objetos foram subtraídos, incluindo uma televisão. Enquanto a esposa dele foi à delegacia registrar o boletim de ocorrência, Edimar ficou em casa com a enteada. Nesse momento, pessoas foram no portão ameaçá-los por terem prestado queixa. Na mesma noite, eles saíram de casa escoltados pela Polícia Militar devido à situação de risco em que se encontravam.

Na madrugada, um homem, que teria furtado uma televisão, levou um tiro em via pública e morreu no hospital. Edimar foi apontado como o autor dos disparos, pelo fato de as testemunhas acreditarem que o homem morto era o responsável pelo assalto em sua casa.

Defesa - A defensora pública Thalita Araújo argumentou no Tribunal do Júri que Edimar Martins, com ficha criminal limpa e trabalhador, pai de seis filhos, saiu da condição de vítima de furto para réu por homicídio por causa de uma versão mentirosa que foi construída pelos próprios comparsas da vítima.

“As testemunhas construíram uma versão que não tinha respaldo em nenhuma prova nos autos. Tentaram imputar a ele a morte desse homem, mas ninguém o viu atirar. Além disso, o processo mostrou que em outros momentos, já haviam tentado matar essa vítima, que tinha envolvimento em outros crimes patrimoniais”, destacou Araújo.

Resiliência - Além de enfrentar o processo criminal, comparecer sempre às audiências, Edimar também enfrentou a perda de sua esposa para o câncer, em 2021. Ele conta que essa acusação de homicídio também a adoeceu demais, devido ao estresse e preocupação.

“Ela morreu nos meus braços no Hospital. Eu a amava muito. Depois fiquei vivendo por viver, além de me sentir coagido, pensando que poderia ser preso por algo que não fiz e sem saber com quem meus filhos iam ficar. Se você não buscar forças em Deus, não consegue ficar em pé. Finalmente isso acabou”, concluiu Martins, emocionado.