Defensor público visita CIOSP de Santana para contribuir com adequação procedimento de reconhecimento de pessoas

Procedimento, principalmente quando o reconhecimento é feito através de fotografias, tem alto potencial de identificações incorretas.

Por Ingra Tadaiesky
16 Jun de 2023, 2 anos atrás
Defensor público visita CIOSP de Santana para contribuir com adequação procedimento de reconhecimento de pessoas


Na tarde desta quinta-feira, 15, o coordenador do Núcleo Criminal do município de Santana, Eduardo Vaz, visitou o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (CIOSP) para contribuir com a adequação da Resolução N°484 de 2022 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que prevê diretrizes para o procedimento de reconhecimento de pessoas. Na ocasião, o defensor visitou os espaços onde o procedimento é realizado.

Segundo a resolução do CNJ, é necessária a regulamentação desse procedimento, principalmente quando o reconhecimento é feito através de fotografias, pois existe um alto potencial de identificações incorretas que podem levar à condenação de pessoas inocentes.

O defensor público explica que o reconhecimento de pessoas pode resultar em erros judiciários. “A título de exemplo, no Rio de Janeiro, um senhor com características comuns a um estereótipo marginalizado foi reconhecido erroneamente 62 vezes nos inquéritos policiais e esse é um padrão que se reproduz em todo o país”, disse.

Um levantamento nacional feito pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, identificou que em 60% dos casos de reconhecimento fotográfico equivocado, feito em sede policial, houve a decretação da prisão preventiva do acusado. Em média, essa pessoa ficou presa por 281 dias, aproximadamente 9 meses.

Outro dado inserido na Resolução N°484, aponta que em 83% dos casos de reconhecimento equivocado, as pessoas apontadas eram negras, fato que reforça as marcas da seletividade e do racismo estrutural do sistema de justiça criminal.

“A visita é para alinhar com a Delegacia esses procedimentos de natureza inquisitorial policial. Uma preocupação enquanto Defensoria Pública é que estejam sendo realizados de forma a cumprir a determinação do CNJ para, assim, não termos pessoas sendo culpabilizadas por crimes que não cometeram”, finalizou Eduardo Vaz.