Defensores públicos inspecionam área de conflito de terra em Ferreira Gomes

Defensoria atua como custus vulnerabilis em ação de reintegração de posse para mais de 20 moradores da Comunidade do Paredão.

Por Caroline Mesquita
24 Set de 2024, 2 meses atrás
Defensores públicos inspecionam área de conflito de terra em Ferreira Gomes

 

Na última semana, a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) inspecionou as ocupações da Comunidade do Paredão, em Ferreira Gomes, onde várias famílias enfrentam uma ação de reintegração de posse. A DPE-AP atua como custus vulnerabilis, ou seja, como defensora dos direitos das populações vulneráveis no processo judicial.

O defensor público Guilherme Amaral, coordenador do Núcleo Regional de Ferreira Gomes, liderou a inspeção, que contou com a participação das novas defensoras Camila Freire e Maíra De Luca, como parte do curso de formação. "É importante proporcionar às novas defensoras essa oportunidade de atuação singular pertinente aos tipos de demandas de defensorias do interior”, afirmou Amaral.

Durante a visita, os defensores públicos registraram os depoimentos dos moradores ameaçados de despejo. Coletaram informações sobre o tempo de ocupação da terra, se há ou não documentação comprobatória; se cultivam ou criam animais no terreno; número de moradores na localidade; se há disponibilidade de outra moradia e quais são as condições de vida na área.

“Nas entrevistas, tivemos a preocupação de registrar para mostrar ao juíz a realidade do local, pois uma das alegações no processo é que as pessoas estavam desmatando a área, mas quando as entrevistamos, elas deram uma aula de manejo sustentável, além de terem um espírito comunitário muito grande, pois tudo é pensado no coletivo”, considerou Maíra.

Para a defensora Camila Freire, a visita in loco foi fundamental para conhecer a vivência dos moradores e saber quais são as circunstâncias da ocupação.

“Tem pessoas que cultivam os gêneros alimentícios e revendem para constituir a renda familiar e também para a sua subsistência. Essa visita foi importante não só no sentido de haver uma atuação e aproximação da Defensoria com a comunidade, quanto também para colher elementos que vão embasar aquelas pretensões no processo judicial”, ponderou Camila.

Entenda o caso

Em dezembro de 2023, mais de 20 moradores da comunidade Paredão, em Ferreira Gomes, receberam uma ordem judicial de desocupação. No entanto, a Defensoria Pública identificou que a determinação foi feita irregularmente, pois não houve audiência de conciliação, como exige o Código Civil.

Além disso, a legislação também prevê que a Defensoria deveria ter sido chamada para defender os moradores. Depois que a DPE-AP interveio e contestou a decisão, a desocupação foi suspensa e o processo foi reiniciado.