Defensoria capacita servidores para atendimento de pessoas em sofrimento mental

Formação visa o atendimento jurídico especializado a pessoas em sofrimento mental, de forma empática, sensível e eficaz.

Por Caroline Mesquita
29 Abr de 2024, 2 meses atrás
Defensoria capacita servidores para atendimento de pessoas em sofrimento mental

 

A Escola Superior da Defensoria Pública do Amapá (ESUDPE) iniciou na quinta-feira feira, 25, o segundo módulo da capacitação continuada Atendimento de Excelência. Com o tema “Defensoria Pública no Atendimento às Pessoas em Sofrimento Mental", a formação seguiu até sexta-feira, 26, e capacitou os servidores para realizar o atendimento jurídico especializado para esse público.

Os servidores da instituição que trabalham diretamente com o atendimento ao público tiveram acesso a palestras e discussões para compreender as questões legais relacionadas ao tema, além de desenvolver habilidades de comunicação e empatia para lidar com esse público de forma sensível e eficaz. No primeiro dia de curso, o psiquiatra Rosano Barata ministrou a palestra “Entendendo a mente: uma jornada pela psiquiatria e o direito".

Barata tirou dúvidas dos servidores e os orientou sobre o primeiro contato com o público externo para perceber se há sofrimento mental, bem como avaliar a vestimenta, analisar a voz, a expressão facial e o comportamento da pessoa. “Se a pessoa estiver falando coisas fora da realidade, então provavelmente está em quadro de delírio. Nesse caso é melhor não contestar, pois ela pode ficar violenta. Entre na história de delírio, assim vai acalmá-la”, recomendou o médico.

Na sexta, os servidores participaram de mais duas palestras. A psicóloga Ana Carolina abordou o tema “Atendimento Inclusivo e Sensível na Psicologia”, e a assistente social Andreia Jordany Tolosa ministrou a palestra “Comunicação Transformadora: Promovendo Ética e Empatia no Atendimento”.

Ana pontuou aos servidores que não é necessário reconhecer todos transtornos mentais e suas especificidades, e sim ponderar as emoções dos assistidos para saber acolhê-los.

“Mais importante do que reconhecer o transtorno mental que a pessoa possui, é reconhecer seu sentimento. Se a pessoa chega muito triste, chorando, é importante escutá-la, oferecer uma água, mostrar que seu atendimento é humanizado e acolhedor”, frisou a psicóloga.

Andréia Tolosa comentou sobre a importância de ser empático principalmente com as pessoas em sofrimento mental que estão em situação de rua. “Temos casos na Defensoria de pessoas em sofrimento mental que não aceitam seus diagnósticos, mas elas têm família que estão tentando ajudá-las também. Agora imagina as pessoas que estão em situação de rua e não tem ninguém por elas, nem mesmo a família”, pontuou a assistente social.

Há mais de nove anos, Júnior Silva trabalha no atendimento da DPE e, geralmente, é o profissional do primeiro contato do assistido com a instituição. “Durante esse tempo, já atendi várias pessoas com emoções à flor da pele. Se a pessoa vem à Defensoria, é porque ela precisa de ajuda. Às vezes ela vem triste ou com muita raiva. Essa formação continuada nos ajuda a olhar com mais empatia para o ser humano, além de aprender sobre as dificuldades de quem está em sofrimento mental”, avaliou o servidor.