Defensoria evita desocupação de 45 famílias da Foz do Rio Mutuacá, em Mazagão

Liminar suspendendo a reintegração de posse saiu na segunda-feira, 4 de março.

Por Caroline Mesquita
07 Mar de 2024, 2 meses atrás
Defensoria evita desocupação de 45 famílias da Foz do Rio Mutuacá, em Mazagão

 

A Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP ) conseguiu na Justiça Estadual uma liminar que evitou a desocupação e demolição das casas de 45 famílias da Foz do Rio Mutuacá, assentamento agroextrativista localizado em Mazagão. A ação também impossibilitou a reintegração de posse em favor de uma antiga empresa de exploração de madeira da região.

Entenda o caso - A madeireira funcionava na região e foi desativada ainda na década de 90. No entanto, em 2019, o dono da empresa ajuizou uma ação de reintegração de posse contra o seu antigo caseiro, alegando que apenas o deixou cuidando da área. A sentença do processo transitou em julgado ainda em 2023 e, em dezembro do mesmo ano, ocorreu uma decisão nos autos do cumprimento de sentença determinando a desocupação da área, onde vivem atualmente 45 famílias, e a demolição e reintegração de posse em favor da antiga empresa. A ação seria executada no dia 4 de março.

No dia 28 de fevereiro, o Núcleo Regional de Mazagão foi procurado por uma representante das famílias extrativistas. A área faz parte do Projeto de Assentamento Agroextrativista, reconhecido pelo Incra, onde habitam 390 famílias, porém o espaço em litígio é de 45 famílias. O defensor Ricardo Carvalho e sua equipe foram até o assentamento no dia seguinte, 29 de fevereiro, e atenderam 28 famílias, cerca de 150 pessoas.

“Devido à urgência, não conseguimos contatar todos, mas conversamos e reunimos a documentação necessária para ajuizamos na mesma noite uma ação de nulidade e outros pontos, mas principalmente a nulidade do processo e tutela para suspender a ordem de reintegração, pois essas famílias não foram sequer citadas para integrar a ação original”, explicou o defensor Ricardo, coordenador do Núcleo Regional de Mazagão.

Resultado - A liminar suspendendo a reintegração de posse e mantendo as famílias no lugar saiu na segunda-feira, 4 de março, evitando assim o risco aos direitos fundamentais dos autores, preservando a dignidade da pessoa humana, o direito à segurança e à moradia.

“O trabalho envolveu toda a equipe de Mazagão, visto que era preciso ajuizar a ação rápido e conseguir a liminar para evitar a destruição das casas e plantações. Agora queremos a manutenção dessas famílias nas posses das terras, até que seja discutida a existência ou não da nulidade arguida, bem como se a ação vai tramitar na Justiça Estadual ou ser remetida à Justiça Federal, pois o Incra deve participar do processo”, finalizou o defensor.