Defensoria Pública atende famílias venezuelanas para regularizar guarda de crianças

Famílias não conseguiram regularizar a guarda dos filhos e netos, que estão sem acesso à escola.

Por Jeanne Maciel
20 Set de 2023, um ano atrás
Defensoria Pública atende famílias venezuelanas para regularizar guarda de crianças

 

Maior país da América Latina, o Brasil é um dos destinos mais importantes para o fluxo migratório. Segundo o relatório “Refúgio em Números”, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), apenas em 2022, foram feitas 50.355 solicitações da condição de refugiado no Brasil. São pessoas provenientes de mais de 100 países, a maioria da Venezuela (67%). Na última terça-feira, 19, a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) atendeu cinco famílias indígenas que vieram do país vizinho e têm sentido os desafios de tentar uma vida digna em outro país.

As famílias vivem há 9 anos no Brasil e já moraram em vários estados brasileiros. O último deles foi o Pará, onde conseguiram um terreno próprio. Fred Rattia é um dos poucos que fala, de forma limitada, o português. O venezuelano foi quem assumiu a responsabilidade de cuidar dos demais. 


Ele relatou que as famílias não conseguiram regularizar a guarda dos filhos e netos, o que resultou na falta de acesso à escola e programas de benefícios sociais. Foi então que há 3 meses decidiram vir para o Amapá, no município de Santana, tentar resolver o problema. 


Segundo o defensor público Eduardo Vaz, da Defensoria da Criança e Adolescente de Santana, o caso foi encaminhado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc) e além de crianças venezuelanas, também há crianças já nascidas no Brasil. 


“Ajuizamos ações de guarda para regularização da situação fática e resguardo dos direitos das crianças brasileiras e venezuelanas. Além disso, vamos providenciar segunda via de Certidão de Nascimento e encaminhamos o caso à Defensoria Pública da União para as providências da seara federal, como regularização da situação migratória”, explicou Vaz sobre as ações tomadas. 


Falta de acesso à educação de crianças refugiadas


O relatório “UNHCR sobre Educação 2023 - Desbloquear o Potencial: O Direito à Educação e às Oportunidades” publicado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em setembro de 2023 mostra que o acesso à educação tem sido uma das barreiras enfrentadas nas questões imigratórias.


Atualmente, 14,8 milhões de crianças refugiadas no mundo estão em idade escolar. A ACNUR estima que 51% dessas crianças não têm acesso à educação formal, mais de 7 milhões no mundo todo. A maior parte é de crianças em faixas primárias (65%).