Defensoria Pública encerra curso sobre Direitos Humanos na Execução Penal

'Racismo estrutural na Execução Penal' e 'Direitos das Mulheres e populações vulneráveis no Sistema Penitenciário' foram abordados no evento.

Por Caroline Mesquita
30 Set de 2024, 2 meses atrás
Defensoria Pública encerra curso sobre Direitos Humanos na Execução Penal

 

Na noite de sexta-feira, 27, a Defensoria Pública do Estado do Amapá (DPE-AP) finalizou o curso "Direitos Humanos na Execução Penal: Garantias e Desafios na Prática", promovido pela Escola Superior da Defensoria Pública (ESUDPE).

No segundo e último dia, foram realizados dois painéis. O primeiro, "O Racismo Estrutural na Execução Penal", foi conduzido por Luciano Goés, doutor em Direito e advogado abolicionista quilombista. Ele abordou a dor e o sofrimento causados pelo racismo estrutural, destacando que a prisão não apenas causa mortes físicas, mas também degrada a humanidade e corrompe as relações sociais.

“A seletividade continua sendo a máxima no nosso sistema penal. Aqui, ou em Florianópolis, ou em Santa Catarina. Um homem negro tem quatro vezes mais chances de ser morto do que um homem branco, além do hipercarceramento da população negra”, disse Góes.

O segundo painel, "Direitos das Mulheres e Populações Vulneráveis no Sistema Penitenciário", foi apresentado pela professora Marília Montenegro, doutora em Direito e docente na Universidade Federal de Pernambuco. Ela apresentou dados sobre a prisão de mulheres, que são majoritariamente detidas por tráfico de drogas e crimes patrimoniais, e muitas vezes também são vítimas de violência doméstica.

"Quando a gente olha para o cárcere feminino e vê os crimes, a gente poderia se perguntar: por que elas estão lá? Será que eu não poderia responsabilizá-las de uma outra forma? Quando elas saírem, vão conseguir sobreviver?”, questionou a palestrante.

A estudante Johanna Guimarães, de 22 anos, considerou o evento uma oportunidade enriquecedora. "Na faculdade, temos muita teoria, e o curso nos deu uma visão mais ampla da prática da Execução Penal, especialmente sobre as violências que ocorrem em Macapá", concluiu.