DPE-AP consegue liberdade de jovem que estava preso por um crime que não cometeu

Paulo* não estava no estado na data do homicídio que motivou sua prisão.

Por Ingra Tadaiesky
06 Set de 2023, 9 meses atrás
DPE-AP consegue liberdade de jovem que estava preso por um crime que não cometeu

 

Imagine a cena: você mora em outra cidade e, com saudade, decide visitar sua mãe na sua cidade natal. Chegando lá, é acusado e vai preso por um homicídio que você não cometeu, já que nem na cidade você estava. Parece enredo de filme de suspense, mas aconteceu na vida real, no município de Porto Grande, com Paulo*, 24, e somente após atuação da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP), o jovem preso injustamente, foi solto. Para resguardar sua imagem, usaremos nome fictício.

Paulo mora no Pará desde abril deste ano e, em agosto, pediu para seu chefe alguns dias de folga para visitar sua mãe no município de Porto Grande, no Amapá. Após uma semana das mini férias, o jovem recebeu um mandado de prisão na porta da casa de sua mãe, alegando que ele seria o autor de um homicídio acontecido em julho no município. Acontece que Paulo não poderia sequer ser suspeito do crime, pois no período estava há mais de 1800 quilômetros de distância do ocorrido.

O defensor público Ricardo Carvalho, acompanhou a Audiência de Custódia, momento em que o acusado por um crime tem o direito de ser ouvido por um juiz para ser avaliada as eventuais ilegalidades em sua prisão, e constatou a irregularidade.

Junto a família do acusado, foram providenciadas documentações para comprovar que o acusado não estava no Amapá na data dos fatos, como suas passagens de ida e volta, comprovante de aluguel e a declaração de seu patrão alegando que estava trabalhando no Pará no período do crime. Dessa forma, a Defensoria entrou com um pedido de revogação da prisão que foi acolhido pela juíza e Paulo foi solto.

“No passado, Paulo teve um caso de roubo e ficou taxado. Por ser jovem, negro, pobre e com passagem na delegacia, virou um alvo fácil para um olhar marginalizado”, disse Ricardo.

No Brasil, o racismo estrutural está enraizado na base da sociedade. Pessoas com as características físicas de Paulo são constantemente vistas sob uma lente marginalizada e injustamente acusadas.

“A Defensoria lutou pela gente que não tem condições de pagar advogado. Não viram se é preto ou se é pobre, trataram como todos devem ser tratados: com igualdade e conseguiram fazer um trabalho muito bem feito e rápido e agora meu filho está livre. Só tenho a agradecer”, comemorou a mãe do rapaz.