Em Santana, Defensoria prova inocência de réu acusado sem provas

Assistido passou um ano preso.

Por Ingra Tadaiesky
03 Out de 2024, 2 meses atrás
Em Santana, Defensoria prova inocência de réu acusado sem provas

 

O dia 30 de setembro de 2024 nunca será esquecido por Daniel*, pois foi nesse dia que um alívio imenso inundou seu peito. A Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) conseguiu provar a sua inocência no Tribunal do Júri, em Santana, após 6 anos respondendo por um crime que não cometeu: uma tentativa de homicídio.

O crime ocorreu em 2018, e Daniel foi denunciado por uma testemunha ocular. Apesar de não haver provas que corroborassem a acusação, ele permaneceu preso por um ano, de setembro de 2021 até setembro de 2022. Daniel foi pego de surpresa; ele estava no Maranhão visitando sua mãe, quando, em um bar, foi abordado por policiais que solicitaram seus documentos e constataram a existência de um mandado de prisão em seu nome.

Sequer sabendo que era acusado de um crime, Daniel passou 7 meses na penitenciária de Açailândia no estado do Maranhão e em abril de 2022 foi transferido para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (IAPEN), onde ficou detido.

Segundo Fabiana Anézia, defensora pública que atuou no caso, não havia qualquer prova de que Daniel fosse o autor do fato, além do elemento informativo em sede policial. Ela explicou ainda que, durante todo o processo judicial, a testemunha não esteve presente e nunca foi ouvida judicialmente.

Em seus argumentos no plenário, Fabiana apresentou a tese defensiva de negativa de autoria, apresentando provas de que o acusado não teve qualquer participação no crime, e foi acolhida com unanimidade.

“Esse caso é bastante emblemático justamente por ser a Defensoria Pública a última voz de quem está ali sentado no banco dos réus, quem está sentado ali é quase sempre uma pessoa que vive uma situação de invisibilidade, uma situação de marginalização, seja pela cor de sua pele, seja pela sua situação econômica. A DPE-AP restabelecer a dignidade de uma pessoa que vive em situação de ostracismo e que poderia, inclusive, ser mais uma no percentual de injustiças que são cometidas neste país é um motivo de muito orgulho. Esse é o verdadeiro combustível do nosso trabalho”, finalizou a defensora.


*Nome fictício para resguardar a imagem do assistido.