Famílias de jovens mortos em ação da PM em Macapá são assistidas pela Defensoria Pública

A instituição atuará nas demandas cíveis decorrentes da polêmica operação que vitimou sete jovens no bairro Pantanal.

Por Camila Ramos
12 Mai de 2025, 5 dias atrás
Famílias de jovens mortos em ação da PM em Macapá são assistidas pela Defensoria Pública

 

Em meio ao luto e ao sentimento de injustiça, os familiares dos sete jovens mortos durante uma ação da Polícia Militar no último domingo, 4, no bairro Pantanal, em Macapá, buscaram apoio na Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) nesta sexta-feira, 9. Lá, receberam acolhimento, orientação jurídica e formalizaram o pedido de acompanhamento da instituição na defesa de seus direitos cíveis.

Movidos pela dor e por acusações que consideram injustas, os parentes afirmam que os jovens não eram criminosos, como foi amplamente divulgado, e denunciam excesso por parte da Polícia Militar. Eles pedem uma investigação séria e transparente para que a verdade venha à tona.

O atendimento foi feito pelo defensor Carlos Marques, do Núcleo de Direitos Humanos e Difusos da DPE-AP. Segundo ele, embora muitos familiares já estejam sendo acompanhados por advogados particulares na esfera criminal,  a Defensoria vai zelar - dentro de suas atribuições institucionais - para que haja uma investigação séria e independente, além de atuar na defesa cível das famílias, incluindo possíveis reparações e responsabilizações.

“Antes de tudo, nós manifestamos nosso pesar pelo luto dessas famílias. Vamos apurar o que foi relatado para garantir que todos os direitos sejam assegurados. Se forem comprovados excessos, que haja responsabilização e indenização”, afirmou Marques.

“Eu perdi meu único filho. Tive um problema no útero e não posso mais ter filhos, então ele era a minha vida. Ele era trabalhador, tinha carteira assinada, e só estava jogando bola com os amigos. Ele não merecia isso. Vou buscar todos os meios para que a justiça seja feita”, desabafou Francismar Conceição, mãe de Wendel Cristian Conceição Wanderley, um dos jovens mortos na operação.

 

Busca por direitos

Além do atendimento individual, a Defensoria planeja uma atuação coletiva em prol das famílias e da sociedade. Uma outra medida realizada pela instituição antes mesmo do evento do dia 4 foi a recomendação feita, em dezembro do ano passado, para que o Executivo estadual criasse um Grupo de Trabalho que tratasse a inclusão de câmeras corporais nas ações policiais no Amapá.

“A recomendação é uma resposta ao alto índice de letalidade nas ações policiais no Amapá. Como não houve retorno do Estado, vamos judicializar o pedido, o que pode contribuir para mais transparência e legalidade nas abordagens”, explicou o defensor.

 

Dados

O cenário da violência policial no Amapá é preocupante. Em 2022, o estado registrou a maior taxa de letalidade policial do Brasil, com 16,6 mortes por 100 mil habitantes. Em 2023, esse número subiu para 23,6, totalizando 173 mortes em ações policiais. Só em Macapá, 40,8% das mortes violentas ocorreram em operações das forças de segurança.