'Idoso da loja de móveis’ recebe ajuda da Defensoria Pública para sair das ruas e tratar alcoolismo

O acompanhamento foi feito de forma multidisciplinar, com apoio de diversos núcleos da DPE-AP.

Por Laura Machado
27 Jul de 2022, 2 anos atrás
'Idoso da loja de móveis’ recebe ajuda da Defensoria Pública para sair das ruas e tratar alcoolismo

 

Viver nas ruas é uma realidade assustadora que muitas pessoas no Amapá ainda sentem na pele. Para os mais velhos, essa situação é ainda pior. Conhecido por viver em frente a uma loja de móveis em Macapá, um senhor de 71 anos, foi um dos assistidos mais recentes da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP).

O homem veio de São Paulo, há cerca de 20 anos, em busca de um futuro melhor por conta de uma proposta de emprego. O ofício de cartunista, arte que ele dominava desde cedo, fez com que ele viajasse mais de 2 mil quilômetros para trabalhar com o que amava fazer.

Após um tempo no emprego, o encanto deu lugar ao desânimo pelas condições em que vivia. Ao se perder no vício do alcoolismo, o homem passou a morar nas ruas e chegou até a ser atropelado, o que dificultou mais ainda sua situação.

Inconformados com a realidade dele, pai e filha que vivem nas proximidades das calçadas onde o idoso tem como “lar”, decidiram fazer o possível para amenizar o sofrimento.

Os documentos deles foram emitidos com ajuda do homem, que também se encarregava de guardá-los para que o senhor não os perdesse. A filha, sensibilizada, procurou a Defensoria Pública para tentar buscar um futuro melhor para o idoso.

A Coordenadoria de Atendimento, órgão auxiliar da DPE responsável por assistir pessoas em situação de vulnerabilidade social, deu andamento ao caso e visitou o idoso para produzir o relatório que subsidiou o ajuizamento da demanda de abrigo.

“Eu já trabalhei em um abrigo e vi finais ‘não felizes’, de ver o idoso chegar em um ponto em que a família não quer mais. Nesse caso, eu vejo uma luz no fim do túnel, onde ele pode ser ajudado e ter o sofrimento amenizado enquanto espera pela família”, explicou Aderlan Machado, assistente social.

O acompanhamento foi feito de forma multidisciplinar, com apoio de diversos núcleos da DPE-AP. Marcela Fardim, defensora pública do Núcleo Cível de Macapá, contou que o Abrigo São José informou que não possui mais disponibilidade para acolher novas pessoas e que também não atende pacientes com algum tipo de dependência química.

“Recebemos essa demanda através de pessoas que moravam perto de onde ele ficava. O idoso está muito debilitado, sofre com o alcoolismo e quer tratamento, mas não consegue ajuda. Peticionamos novamente e foi concedida uma tutela de urgência que deve ser cumprida em breve. Foi um trabalho em conjunto da Defensoria Pública”, detalhou a defensora.

A pesquisa mais recente divulgada em 2020 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que pelo menos 221.869 pessoas viviam em situação de rua somente naquele ano, o que representa 0,1% da população brasileira.

O idoso vai receber acolhimento e tratamento adequado, com garantia de mais qualidade de vida, para finalmente poder retornar a família, em São Paulo.