Ligando o nome à pessoa: a história de Reginaldo, ex-dependente químico que através da DPE-AP conseguiu reconquistar sua identidade

Durante os anos vivendo na rua, o homem achava que se chamava Cleiderson.

Por Ingra Tadaiesky
20 Mai de 2024, 2 meses atrás
Ligando o nome à pessoa: a história de Reginaldo, ex-dependente químico que através da DPE-AP conseguiu reconquistar sua identidade

 

O nome próprio é uma junção de vogais e consoantes que nos definem como indivíduo. Na escola, é a primeira palavra que aprendemos a escrever. Mas aos 50 anos, Reginaldo, assistido da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP), precisará reaprender a escrita desse nome que por muito tempo foi esquecido por ele.

“Reginaldo Fernandes da Costa” é o que está escrito na Certidão de Nascimento do ex-dependente químico que, até o meio de maio deste ano, achava que se chamava Cleiderson. Esse nome foi escolhido para ele pelos colegas que compartilhavam o contexto da rua e das drogas; entorpecido, ele não lembrava de seu nome de batismo.

Quando mudou de vida e superou o vício, Reginaldo se tornou pescador e, sem nenhum documento, precisou regularizar sua situação. Ele procurou o Núcleo Regional de Oiapoque para emitir a segunda via do seu Registro Civil. No entanto, durante as diligências não encontraram nenhum Cleiderson registrado nos cartórios de sua cidade natal; era como se aquele homem não existisse.

Foi então que surgiu a ideia de colher suas impressões digitais e enviá-las para a Polícia Científica do Amapá (PCA). Quando o resultado chegou, revelou-se que Cleiderson era, na verdade, Reginaldo.

“Eu não sei nem dizer como me senti. Vivi uma vida com um nome e na hora H descobri que meu nome é outro. Foi um impacto, parou o tempo, parece que o tempo não ia pra frente nem pra trás, ele parou”, desabafou o assistido.

Carlos Marques é defensor público e falou sobre a importância dessa atuação.

“Hoje ele sabe o seu verdadeiro nome graças ao trabalho e atuação da Defensoria Pública, sabe também sua filiação que ele não sabia, informações que são importantíssimas para esse novo momento de sua vida”, disse o defensor

Para Reginaldo, o novo nome marca o seu renascimento.

“Novo nome, vida nova. Eu não tenho nem palavras para dizer o quanto eu sou grato pelo que a Defensoria fez por mim. Essas pessoas são como uma nova família para mim, porque batalharam por mim e isso não tem preço. Com esse novo nome eu posso começar uma vida nova”, finalizou ele emocionado.

Agora, Reginaldo Fernandes da Costa existe em um mundo onde sempre se sentiu invisível; um cidadão com nome e sobrenome.