Mais que Palavras: Projeto leva conscientização sobre violência doméstica às escolas de Macapá

Iniciativa une Defensoria, Justiça e Educação para dialogar com estudantes e prevenir a violência nas comunidades.

Por Caroline Mesquita
09 Mai de 2025, 1 semana atrás
Mais que Palavras: Projeto leva conscientização sobre violência doméstica às escolas de Macapá

 

Na manhã desta quinta-feira, 8, a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP), o Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP) e a Secretaria de Estado da Educação (Seed) firmaram um acordo de cooperação técnica para lançar o projeto “Mais que Palavras: Atuando contra a Violência Doméstica e Familiar”. A assinatura ocorreu no plenário do TJAP, com a presença de autoridades das três instituições e representantes das comunidades escolares.

Coordenado pela defensora pública Marcela Fardim, do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher da DPE-AP, e pela juíza Marcella Smith, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, o projeto será desenvolvido em cinco escolas estaduais de Macapá com estudantes a partir de 14 anos.

A proposta inclui palestras e rodas de conversa para discutir a violência doméstica, seus impactos e formas de prevenção. Ao final, os alunos produzirão vídeos sobre o tema. Cada escola realizará um concurso interno, e os vencedores disputarão uma etapa final entre as cinco escolas. Os autores do melhor vídeo serão premiados com chromebooks.

“Mais que informar, queremos escutar e dialogar com os jovens. Eles são fundamentais para transformar a realidade à sua volta. É nesse momento de formação que devemos agir com mais intensidade, para prevenir a violência e promover uma cultura de paz”, destacou o defensor público-geral, José Rodrigues.

A defensora Marcela Fardim reforçou a importância de levar o tema à sala de aula: “A violência doméstica se perpetua porque muitas atitudes parecem normais. Muitos jovens nem sabem que estão vivendo ou presenciando situações de violência. Queremos conscientizar e formar multiplicadores.”

Fardim considera que o projeto “Mais que Palavras” é exatamente isso: um chamado à ação, um movimento para ir além dos discursos, além dos normativos legais. “É levar, de forma acessível e transformadora, o debate sobre a violência doméstica e familiar ao cotidiano de adolescentes da nossa rede pública. Esse recorte acontece porque é na juventude que ainda é possível formar convicções, desconstruir estereótipos, incentivar atitudes de respeito, empatia e não violência”, pontuou.


A juíza Marcella Smith também enfatizou o papel dos jovens na mudança social: “Pensamos nos jovens porque são pessoas que estão em formação de caráter, de identidade e de valores, mais aptos a abraçar essa cultura de paz.”

Escolas estratégicas - Participam do projeto as escolas Augusto dos Anjos, Prof. Nilton Balieiro, Nancy Nina, Mário Quirino e Paulo Freire. A escolha levou em conta dados sobre a incidência de violência doméstica nas regiões onde essas unidades estão localizadas. A ideia é atuar diretamente nos territórios mais afetados, promovendo informação e escuta ativa.

Expressão e impacto - Além das palestras, os estudantes produzirão vídeos, onde poderão expressar ideias, vivências e aprendizados. O conteúdo será usado em campanhas educativas, ações de prevenção e até em programas de reabilitação de agressores.

Para o presidente do TJAP, desembargador Jayme Ferreira, sensibilizar os jovens é essencial: “Buscar na juventude, buscar nos formadores do mundo futuro é importante. Orientá-los e levar esse respeito à mulher, para que não haja mais violência. A mulher precisa ser respeitada, jamais ser vítima de violência."

A secretária adjunta de Gestão de Pessoas da Seed, Ivone Conceição, destacou o papel da escola na escuta e acolhimento: “É um trabalho que vai até o chão da escola, lidando com uma realidade que atinge muitas famílias dos nossos alunos. Precisamos agir de forma coletiva e formativa.”