Mês das Crianças: Defensoria expõe obras de artes produzidas por socioeducandos

A mostra reúne 25 obras criadas por adolescentes do Núcleo de Medida Socioeducativa de Internação Masculina da Fundação da Criança e do Adolescente.

Por Caroline Mesquita
10 Out de 2024, 1 mês atrás
Mês das Crianças: Defensoria expõe obras de artes produzidas por socioeducandos

Em celebração ao Mês das Crianças, a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) inaugurou nesta quinta-feira, 10, a exposição artística "Trocando as Lentes para Ressignificar Vidas" em sua galeria de arte. A mostra reúne 25 obras criadas por adolescentes do Núcleo de Medida Socioeducativa de Internação Masculina da Fundação da Criança e do Adolescente (FCRIA), e ficará exposta, de 8h às 13h30, até o fim de outubro. A entrada é gratuita.

O evento reuniu autoridades e servidores da FCRIA e da DPE-AP, que se encantaram com a expressão artística dos jovens. O trabalho é realizado pelo Projeto Arte e Educação e possibilita o fortalecimento de laços familiares, o incentivo à mudança positiva no projeto de vida e o fomento do empreendedorismo numa perspectiva sustentável.

Das 25 obras, 20 são pinturas e 5 são esculturas elaboradas com a técnica de papietagem, que envolve a aplicação de camadas de papel picado sobre uma estrutura, utilizando água e cola. Essas criações expressam as emoções e os sonhos dos adolescentes para o futuro, e representam um convite à sociedade para olhá-las sem julgamentos e preconceitos.

“Quando eles são acolhidos, verificamos as habilidades socioemocionais e cognitivas, e a maioria deles não sabem ler e escrever. É na arte que se conectam e ressignificam suas histórias. Trabalhamos os temas meio ambiente, família, projeto de vida e memórias. Esses adolescentes trazem sonhos e é importante desenvolver neles o autoconhecimento para que possam acreditar em si”, ponderou Doraci Moreira, coordenadora do Projeto Arte Educação.

José Rodrigues, defensor público-geral, destacou que ficou profundamente surpreso com a qualidade das obras artísticas apresentadas na exposição, por exibirem técnicas dignas de profissionais.

"Essas obras revelam o imenso talento desses jovens e o poder transformador da arte em suas vidas. A maioria deles vêm de famílias desfavorecidas, tendo diversos direitos negados, o que os levou a caminhos de violência. Esse projeto nos desafia a refletir sobre novas formas de combater a violência, mostrando como a arte pode contribuir para um futuro mais inclusivo e esperançoso", concluiu o gestor.

As peças, carregadas de expressão e emoção, refletem as vivências e perspectivas desses jovens, oferecendo ao público um novo olhar sobre a capacidade de ressignificação e mudança. Para o diretor-presidente da FCRIA, Luis Eduardo Oliveira, a exposição é uma forma de prestação de contas efetiva de como é possível transformar os jovens quando acessam os direitos e as políticas públicas.

A juíza da Infância e Juventude de Macapá, Laura Costeira, elogiou o trabalho realizado pelos técnicos e educadores da FCRIA. “Esses meninos não ficam apenas privados de liberdade, o trabalho é muito maior. A maioria desses adolescentes nunca tiveram contato com arte e eles se descobrem capazes, se descobrem artistas”.