Renascimento: Como a Defensoria Pública ajudou mulher em situação de violência doméstica a superar o abuso

Conheça a história de Ana Cristina.

Por Ingra Tadaiesky
09 Dez de 2024, 2 semanas atrás
Renascimento: Como a Defensoria Pública ajudou mulher em situação de violência doméstica a superar o abuso

 

A jornada de uma mulher em situação de violência doméstica é dolorosa e muitas vezes solitária. Quebrar o ciclo de violência não é fácil, mas a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) tem se dedicado a promover uma nova vida para elas, garantindo os direitos que foram violados. Ana Cristina é um exemplo dessa atuação, pois foi graças à DPE-AP que conseguiu recomeçar sua vida.

O primeiro contato de Ana Cristina com a Defensoria ocorreu no início de 2023, quando solicitou uma Medida Protetiva de Urgência (MPU) contra seu ex-companheiro. Desde então, a Defensoria conseguiu que o homem autor da violência a pagasse uma pensão alimentícia, pois ela dependia financeiramente dele; iniciou uma ação de indenização por danos morais; encaminhou-a para acompanhamento psicológico no Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM); e obteve a prisão preventiva do ex-companheiro.

Além disso, Ana participou de capacitações profissionais, oficinas e rodas de conversa promovidas pela instituição. Com essa atuação, a assistida encontrou na Defensoria um espaço de renascimento e acolhimento.

“Ele me controlava, eu achava que era um relacionamento dos sonhos e hoje eu vejo, através da equipe que me acolheu, que não era. Antes da Defensoria eu não tinha vida, agora eu tenho vida. Eu sorrio, uso meu cabelo solto, eu me sinto acolhida”, declarou a assistida.

Ana conheceu o ex-companheiro em uma festa em 2019 e acreditava que tinha encontrado o seu príncipe encantado. Em 2021, o casal uniu as panelas e começou a morar junto, mas o conto de fadas, em pouco tempo, se tornou uma história de terror. A assistida sofreu violência física, psicológica, sexual e patrimonial durante os dois anos em que esteve no relacionamento.

Marcela Fardim, defensora pública coordenadora do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher, contou que a atuação com a assistida foi multidisciplinar, com assistentes sociais e psicólogas, além da orientação jurídica.

"Nosso trabalho com ela foi fortalecer sua autonomia por meio de um acompanhamento multidisciplinar, para que pudesse retomar suas atividades normais. O objetivo era ajudá-la a recuperar a liberdade que foi perdida devido à violência que sofreu, que a deixou tão deprimida a ponto de não conseguir sair de casa.", afirmou a defensora.

Hoje, Ana vive um novo capítulo em sua vida, reconstruindo sua autoestima e autonomia, longe do medo e da opressão.

“Eu sobrevivi. Não é fácil, tem muitas pessoas que julgam as mulheres que estão em relacionamento abusivo mas não sabem o que ela passa, o que foi que ocasionou ela se relacionar com aquele homem, hoje eu entendo, hoje eu sei.”, finalizou a assistida.