Rompendo o ciclo de violência: DPE-AP atende mulheres em ação no CAMUF

Ação “Central de Apoio Emocional” teve objetivo de combater a violência doméstica.

Por Ingra Tadaiesky
29 Set de 2023, 8 meses atrás
Rompendo o ciclo de violência: DPE-AP atende mulheres em ação no CAMUF

 

Somente em 2022, mais de 18 milhões de mulheres passaram por alguma situação de violência doméstica no Brasil, segundo dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Romper o ciclo da violência não é tarefa fácil, mas é um trabalho que deve ser construído com persistência.

Pensando nisso, a Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) em parceria com Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPM) e Centro de Valorização da Vida (CVV) realizaram na tarde da última quarta-feira, 27, a ação “Central de Apoio Emocional”.

A ação ofereceu serviços psicológicos, assistenciais e jurídicos para as mulheres que estão em busca de romper o ciclo de violência no Centro de Atendimento à Mulher e à Família (CAMUF).

Sandra* foi uma das assistidas atendidas pela Defensoria Pública na ocasião, e sua história é contada com lágrimas nos olhos. Para resguardar sua identidade, utilizaremos nomes fictícios.

Sandra cresceu em uma comunidade no interior de Mazagão e se mudou para Macapá com o objetivo de finalizar seu ensino médio. Ao chegar na capital do Amapá, conheceu aquele que seria o pai da sua filha e também a pessoa que a violentaria pelos próximos 7 anos.

Abusos físicos e psicológicos, que já eram rotina na vida de Sandra, se tornaram ainda mais frequentes quando a pequena Luiza* nasceu. Hoje, com 5 anos, a menina carrega consigo traumas de gente grande. A assistida conseguiu romper o ciclo da violência há 1 ano e meio, quando pediu separação, mas o ex companheiro não aceitou o fim do relacionamento e a persegue desde então.

Nesse período, mãe e filha já mudaram de casa 3 vezes, pois sempre que ele descobre seu endereço a agride. Durante a ação, Sandra conseguiu, através da Defensoria, a atualização da sua Medida Protetiva, a diligência para o recebimento do Aluguel Social e a aquisição do seu Botão do Pânico, além de uma avaliação psicossocial com a equipe multiprofissional da DPE-AP.

“Nessa situação que eu vivo parece que eu sou fugitiva. Mas agora, com esse Botão do Pânico, a Medida Protetiva e esse benefício, vou ter dignidade”, disse ela.

Para a coordenadora do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher, a defensora pública Marcela Fardim, a participação na ação é um dos primeiros passos do trabalho na garantia de direitos das mulheres de Macapá.

“É muito importante estarmos participando dessa ação. Somos um Núcleo novo e a porta de entrada das vítimas é, muitas vezes, o CAMUF. Isso faz com que essas mulheres conheçam a Defensoria e passem a entender que também somos uma porta de entrada para garantir seus direitos”, disse Marcela.

Botão do Pânico

O equipamento foi criado em 2022 e funciona através de um smartphone fornecido pela Central de Monitoramento Eletrônico (CME). Com o Botão do Pânico, a mulher acompanha, em tempo real, a localização do agressor. Caso ele ultrapasse a área estabelecida pela Justiça, o botão aciona o policiamento para proteger a vítima.